top of page

Uma Galinha ao Vento (1948), Yasujiro Ozu

  • Foto do escritor: Admin
    Admin
  • 21 de jul. de 2017
  • 3 min de leitura

Um ano antes de fazer uma de suas obras-primas "Pai e Filha" (1949), o diretor japonês Yasujiro Ozu fez um filme delicado e de tema controverso. O chamado "Uma Galinha ao Vento" é brilhante e deve ser mais divulgado.

Antes de qualquer coisa é interessante falar um pouco sobre as características de Ozu. Para quem nunca ouviu falar, Ozu é considerado um dos melhores diretores do Japão das décadas de 50 e 60, junto com outros dois grandes: Mizoguchi e Kurasawa. Mais do que isso, Ozu é considerado o diretor japonês mais japonês de todos os outros, a razão é simples, a sua maneira delicada, contemplativa e com simplicidade de contar histórias e situação extremamente complicadas e sempre no âmbito familiar. O diretor usava ainda pouquíssimos movimentos de câmera e sempre câmera baixa, da altura de alguém sentado no tatame. Essas são algumas das características que o fez um diretor com seu próprio estilo de contar as histórias.

“Uma Galinha ao Vento” conta a história de uma mulher chamada Tokiko que vive na miséria com seu filho pequeno, seu marido Shuichi está na guerra e ela está completamente desamparada em sua situação financeira. Quando o filho dela fica doente, para conseguir pagar o tratamento ela acaba se prostituindo por uma noite. Um mês depois o marido chega e ela conta o que teve que fazer para pagar as despesas médicas do filho, o Shuichi por sua vez fica chocado com a ação de sua esposa e o casamento dos dois vai se complicando cada vez mais. Nesse filme já vemos as várias características do diretor, a câmera baixa, cenas contemplativas da natureza e o subjetivo, ou seja, cenas simbólicas, que representam ações que não mostradas na tela. Não vemos a mulher se prostituir, só vemos um quarto da casa de prostituição, assim como em “Pai e Filha” não vemos o casamento, só o lado de fora de uma igreja decorada.

Nesse paragrafo vou comentar partes importantes do filme, mas que podem conter SPOILER, por isso, se não quiser saber pule para o próximo parágrafo. O filme desenvolve de maneira incrível o sentimento de Tokiko e de seu marido, mas escorrega um pouco no final, com a aceitação do marido pelo que sua esposa teve que fazer. Shuichi vai até o lugar onde sua esposa se prostituiu e lá encontra uma moça bem jovem. Conversando com ela, ele percebe seus motivos e depois ainda arranja emprego para ela. Mais tarde seu amigo fala sobre a ironia da situação, ele perdoou uma desconhecida e não perdoava sua própria mulher. O filme só peca mesmo no final, em uma briga o marido agride Tokiko e ela cai da escada, ele não a ajuda a levantar, só de longe pergunta se ela está bem. Mancando com dificuldade ela sobe e continua a pedir desculpas pelo que fez e se humilhando cada vez mais, o marido finalmente diz que entende o que ela fez e que a perdoa. Apesar da crítica a guerra e a miséria, o filme acaba indo para um final mais confortante, em que tudo fica bem e a mulher alcança perdão do marido depois de muitas “penitências”.

Apesar de pecar em alguns momentos, o filme acerta em muita coisa e nos transporta para uma história cheia de conflitos e dificuldades, onde ficamos nos perguntando se a personagem poderia ter evitado a situação ou era uma daquelas coisas que acabou sendo inevitável para ela por causa do desespero das circunstâncias...Uma obra imperdível!


 
 
 

Opmerkingen


Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
Siga
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

© Copyright 2017 por VOLTANDO AOS CLÁSSICOS. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page