A 9° Temporada de Arquivo X é péssima?
- Admin
- 4 de abr. de 2019
- 3 min de leitura

Nona temporada. 2002. Arquivo X já tinha passado por muita coisa, inclusive a saída de um dos personagens principais, Fox Mulder, ausente na metade da 8° temporada e agora completamente ausente na 9°, com exceção dos dois últimos episódios. Muitos fãs apontam essa como a pior temporada da série, em questão de mitologia realmente parecia que não tinha mais o que inventar, sem falar na diferença do clima, já que a outra protagonista Dana Scully divide a tela com dois personagens novos, e em alguns episódios é mais uma coadjuvante do que a personagem principal.
Apesar de tudo isso, acredito que esse temporada traz coisas muito boas, principalmente na representação feminina. Essa deve ser a temporada que mais passa no famoso "Teste de Bechdel", teste que busca filtrar boas representações da mulher nas mídias respondendo a três (aparentemente simples) perguntas:
Tem duas personagens femininas com nome?
As duas personagens conversar entre si?
O assunto é qualquer coisa, menos homens?

Mesmo simples, muita coisa (mais muita mesmo!) não passa. Apesar de termos a personagem excepcional de Gillian Anderson (Scully), a série é sobre ela e seu parceiro masculino (outras personagens masculinas tem importância na trama, como o chefe adjunto Walter Skinner e os Pistoleiros Solitários). Mas não há outras personagens femininas de grande importância da série, pelo menos não até chegarmos na 8° temporada. Aqui somos apresentados ao "substituto" do Mulder, Agente Doggett, e temos participações de outra detetive, Monica Reyes. A personagem de Reyes me cativou desde o começo, e fiquei feliz em saber que na 9° temporada ela estaria presente mais ainda. E então temos uma temporada que passa com louvor no Teste de Bechdel.

A ausência de Mulder dá uma nova perspectiva até para Scully. Apesar da importância dela, a série é sobre Mulder e sua jornada pela verdade, e ela é a escudeira, a ajudante, o braço direito que o acompanha em seu propósito. Pode parecer cruel apontar a Dana dessa forma, mas é assim que a série é. Mesmo com ótimos episódios explorando inclusive essa sensação de estar vivendo a vida de outro e não a dela própria, a detetive sempre volta a se meter nas loucuras de Mulder. Sim, ela o faz porque sente confiança (apesar de não acreditar boa parte de série) na jornada de seu parceiro, mas estar sem ele faz com que Scully possa sair de sua sombra, e vira um tipo de mentora para os recém-chegados no Arquivo X.
Um dos melhores episódios temporada é o "Improvável" (9x13). Reyes acredita que a numerologia vai ajudar a encontrar um Serial Killer, apesar de Scully não comprar completamente a ideia, as duas investigam. Eu veria uma temporada inteira, ou até uma série com essas duas juntas investigando casos bizarros.

A personagem da Reyes é uma versão feminina (e menos egoísta, talvez) de Mulder. Ela é o contraponto de Doggett, o incrédulo, enquanto ela acredita ter um dom sensitivo que a ajuda na hora de investigar os crimes. Reyes antes cuidava de uma unidade de crimes ritualista e satânicos, o que já mostra que ela tinha experiência no bizarro e sobrenatural. Ela é mexicana, e minha única ressalva é o fato de a personagem não ter sido interpretado por uma atriz de descendência ou que fosse mexicana.
Pode ser que a nona temporada cause certo estranhamento, já que estamos acostumados com uma dinâmica desde o começo da série. Tememos o novo. Mas essa com certeza é uma temporada com muitos méritos e importância, principalmente para a representação feminina.
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